O Caso Campeche

O CASO CAMPECHE
Por Amarildo Grotto

Algumas coincidências são realmente impressionantes. Este caso  ficou conhecido como Caso Campeche, por ter ocorrido na Baía do estado de Campeche no México, e é um dos mais curiosos já desvendados recentemente, mas que a princípio causou alvoroço até mesmo entre os militares mexicanos, que chegaram a declarar publicamente que não possuíam uma explicação para o caso, admitindo que se tratar de um registro genuíno de objetos voadores não identificados.
Vamos ao caso. Eram aproximadamente 17h do dia 5 de março de 2004, quando o operador de radar de um avião da Força Aérea Mexicana realizava uma patrulha de rotina na Baía de Campeche, e identifica nada menos que onze objetos na tela do radar, que parecem estar voando na mesma altura e velocidade do avião. As imagens foram filmadas, e posteriormente divulgadas pela Secretaria de Defesa Nacional do México em TV aberta para o mundo todo. No vídeo, percebe-se a euforia do controlador do radar, do piloto do avião e do controlador de vôo em terra, que estão convencidos que os objetos estão voando paralelamente ao avião. Nota-se que tais objetos são visíveis somente pelo radar infravermelho e o piloto afirma que não consegue ver nada além do pôr do Sol no horizonte, sendo refletido sobre o oceano.

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O caso ficou famoso por ser a primeira vez que um órgão militar veio a público revelar um avistamento de UFO, e admitiu não ter explicações para o incidente. No Brasil, o vídeo foi apresentado em programas como o Jornal Nacional, Domingo Legal e Programa do Ratinho.

 

EFEITO “I WANT TO BELIEVE”

Tudo indicava que esta era a prova absoluta e definitiva de que estamos sendo visitados por homenzinhos verdes. Mas não foi desta vez. Enquanto alguns estendiam o tapete vermelho para os nossos visitantes do espaço e outros protegiam suas famílias com chapéus de papel alumínio, o piloto Alejandro Franz Navarrete, acompanhado de uma boa dose de ceticismo, formulou a hipótese de que se tais objetos só foram vistos pelo radar infravermelho e não a olho nú, isso implicava de que eles emitiam uma grande quantidade de calor. Alejandro então sugeriu que os militares viram algo um pouco menos alienígena na tela do radar: O complexo petrolífero de Cantarrel, fixado bem ali no golfo do México.

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A hipótese foi provada com sucesso por Alejandro, que voou na mesma rota do avião dos militares, e presenciou os objetos aparecendo na tela do seu radar como mágica,  no mesmo local e no mesmo horário.  Só que desta vez, ele estava acompanhado de um mapa do complexo petrolífero enquanto registrava tudo para um documentário da National Geographic. Os objetos nada mais eram do que os imensos queimadores das plataformas de petróleo, que entravam em combustão todas as tardes no mesmo horário e em sequência. O piloto do avião que voava a uma distância considerável, não conseguia enxergar nada a olho nu devido ao ângulo de vôo em relação ao Sol, e da incidência da luz no oceano, cegando-o em cores vermelho-alaranjadas, da mesma cor das chamas da plataforma em meio ao oceano gigantesco.
Uma ilusão comum, levou os militares a achar que as luzes estivessem na mesma altura do avião e se movendo na mesma velocidade, mas o que eles viram, foram as nuvens passando entre a aeronave e os supostos objetos. Tal ilusão é conhecida como paralaxe e é comum em games 2D de plataforma como Donkey Kong e Mário, onde se tem a impressão de que o cenário de fundo se move em camadas enquanto o jogador avança, dando a noção de profundidade.
Menciono o caso como sendo um dos exemplos mais claros do que eu  chamo de efeito I Want to Believe onde as pessoas sequer questionam o que seus olhos estão vendo, deixando a imaginação convencê-los imediatamente de que estão testemunhando um evento paranormal ou de outro planeta. São vários os casos onde luzes de carros, aviões, satélites, relâmpagos, meteoritos e todo o tipo de coisa que você possa imaginar, são tidos com OVNIs, e quem os presencia,  muitas vezes se convence de que teve um contato imediato de primeiro grau (Lembram do cômico caso da Tiazinha, que viu um dirigível da GoodYear e jurava ser um disco voador?). As pessoas menos céticas, possuem um certo grau de predisposição para acreditar em coisas fantásticas sem considerar as hipóteses plausíveis. Isso acontece desde a antiguidade, quando  o ser humano tentava buscar explicações de fenômenos da natureza por exemplo, relacionado-os com criaturas e deuses. Não vou entrar no assunto, mas basta analisar a quantidade de religiões que constantemente aparecem, apresentando todo o tipo de alegoria mística, e arrastando milhares de pessoas com elas. Há algo no âmago do ser humano que prefere sempre acreditar ao invés de ter certeza, mas precisamos ficar atentos e fazer uso do método científico sempre, antes de chegar a qualquer conclusão precipitada.

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